A VOLTA AO MUNDO ESPIRITUAL
Em que se transforma a alma no instante da morte?
“Em que se transforma a alma no instante da morte? R – Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que ela havia deixado temporariamente” Q. 149, O Livro dos Espíritos.
Adentrando o conjunto de informações que norteiam esta interessante passagem de O Livros dos Espíritos, viemos a nos deparar com a questão do que se chama “qualidade da morte”.
Como nos disse Jesus, a morte virá para o homem como um ladrão na calada da noite, e assim convidou-nos a viver da melhor forma possível, amando e perdoando os semelhantes, pois de um momento para outro seremos chamados à pátria espiritual; ao acerto de nossas contas!
Aos que ainda têm dúvida de que a vida atual é pequeno lapso de tempo na romagem espiritual do Ser, fazemos lembrar que os estudos da Transcomunicação Instrumental (TCI)* já trazem provas materiais da vida além do corpo, já que Espíritos dos “mortos” se comunicam por meio de aparelhos eletrônicos, trazendo muitos relatos de seu estado; de onde se estabelecem posteriormente e de seu convívio social.
Exemplificando, tivemos notícia do escritor Coelho Neto**, que por telefone recebeu comunicação de sua neta falecida (1923), findando na conversa com sua própria mãe, conforme por ele declarado no Jornal do Brasil, em sua edição de 07 de junho deste referido ano.
Em 1968, o padre suíço Leo Schimd fez a gravação de vozes do mundo espiritual, material esse publicado em livro no ano de 1987, somente após a sua morte.
Por alguns desses experimentos e por considerar em especial a TCI, é que a igreja católica se rendeu à realidade das comunicações com entes desencarnados, o que foi traduzido pela fala do Papa Joao Paulo II, no ano de 1983: “O diálogo com os mortos não deve ser interrompido, pois, na realidade, a vida não está limitada pelos horizontes do mundo”.
Em novembro de 1998 João Paulo dirigiu-se a peregrinos de Roma, fala essa transmitida pela Rádio Vaticano, com a seguinte advertência: “Não se deve pensar que a vida depois da morte começa no Dia do Juízo Final. Condições muito particulares existem depois da morte natural. É uma fase de transição. Enquanto o corpo se dissolve, os componentes espirituais prosseguem vivos. Esse elemento espiritual é formado pela própria consciência e seu livre-arbítrio. O homem existe sem o corpo físico”. Eis em que progresso já anda a igreja!
Devido aos relatos dos Espíritos desencarnados, tanto na Transcomunicação quanto nas reuniões mediúnicas, sabemos que pela própria imaturidade e logo após a morte física há alguma dificuldade de raciocínio humano, pois o cérebro físico já não existe. Não raras vezes necessita da caridade de algum médium, em um Centro Espírita, para poder voltar ao equilíbrio, utilizando-se da organização fisiológica do medianeiro!
O Espírito Emmanuel, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, faz-nos lembrar que a nossa vida é um livro com páginas em branco, sendo escrito diariamente: a cada relacionamento, a cada pensamento e a cada atitude. Ao final da vida teremos a grande contabilidade que nos levará à inevitável forma da passagem, que deveria ser sempre com alegria.
Sobre isso temos que considerar as informações do Espírito André Luiz, em seu livro Nosso Lar***, relatando o recolhimento de desencarnados mutilados de toda ordem, e sempre pela má vivência, sem olhos, paralíticos ou sem pernas. Fala também dos “loucos” por desmandos sexuais, exemplificando o que há nos registros de nossa alma, pela forma que escolhemos para viver.
Esse tipo de experiência passada na Terra, gerando o empirismo emocional dela advinda, é que norteia a forma da passagem ao plano espiritual. Considerando-se os diversos condicionamentos notamos o despertar das mais diversas formas.
Em Espíritos ainda imaturos, materializados, existirá um plano espiritual bem semelhante ao do físico, ficando até mesmo difícil o estabelecimento de diferenças entre ambos.
Isso normalmente se comprova com os recém-desencarnados em sessões mediúnicas, que não acreditam que já tiveram a morte física, permanecendo, daí, frequentemente, unidos mentalmente a seu antigo corpo ainda no próprio túmulo.
Alguns outros sentem a decomposição do corpo, devido à sua forte ligação mental com o físico já sem vida. Necessário se faz, inclusive, em não raros casos e por abnegados trabalhadores do bem, a retirada desses Espíritos de seu sepulcro.
Conservando o perispírito a semelhança do corpo físico que ocupou, pela força do pensamento que o conduz, o Ser continua na rotina das suas criações mentais, não tendo modificações consideráveis exatamente por causa disso. E aí, já no mundo espiritual, é comum permanecer com a mesma aparência da idade, com sensações das doenças de que padeceram etc.
Assusta-se, pois que, embora se acreditando morto, pode se ferir, adoecer, sorrir, andar… Convive com outros Espíritos também desencarnados, com os quais se relaciona, ouvindo-lhes as vozes, tocando-os, até, além de poderem observar a natureza, sentindo calor ou frio.
Percebe casas, animais, a noite e o dia. E tudo isso realmente o assusta, porque, em tese, já “morreu”. Mas, para sua surpresa, está vivo!
Essas dificuldades pós morte são melhor resolvidas quando se conhece a Doutrina Espírita, já que ela
vem dar o suporte científico e filosófico necessários para essa “passagem” pós morte. Na prática das sessões mediúnicas demonstra-se o mundo espiritual, considerando sua realidade e seus mecanismos de existência.
Evangelizado – diga-se: com a sabedoria advinda do conhecimento espiritual – aquele que desencarna se utilizará de tais recursos para “acordar” saudável “no outro lado da vida”. Terá, sem dúvida, com seu sublime despertar, uma melhor “qualidade de morte”.
Finalmente, para a mente e o coração preparados, “morrer”, paradoxalmente aos tempos de hoje, será, de fato, motivo de alegria…
*A Transcomunicação instrumental é o registro de vozes e imagens paranormais, captados através de instrumentos eletrônicos como gravador, rádio, computadores, TV, telefone, fax e secretária eletrônica. “Os próprios transcomunicadores, porém, informam que a TCI ainda está em processo de aperfeiçoamento. Atualmente, o intercâmbio é possível de forma mais ou menos generalizada com recepção de frases curtas e inteligentes, às vezes interpoladas e desconexas, moduladas através de ondas retangulares ou sons de conserva (chiado de cachoeira), mas constituídas de muito significado para quem as capta, em alguns casos com perfeita identificação da voz e características incontestes do comunicante, mesma carga emotiva, sobretudo, tratando de assuntos e particularidades de exclusivo conhecimento do receptor.Como em toda prática de intercâmbio espiritual, sugere-se disciplina, respeito, boa conduta moral, bons propósitos, ainda que o fenômeno dispense qualquer atitude ritualística e em alguns casos ocorra espontaneamente, sem a menor intenção do receptor.” Fonte: TCI – Transcomunicação Instrumental. www.guia.heu.nom.br/t_c_i_.htm **Coelho Neto:Coelho Neto (1864-1934) nascido em Caxias/MA, foi escritor e político brasileiro. Integrou o Parnasianismo, movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. Escreveu mais de cem livros e aproximadamente 650 contos. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 2.***Livro Nosso Lar: cap. 5, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.