Pedagogia Espírita: a educação

Allan Kardec e Pestalozzi

No Livro “Obras Póstumas”, contendo artigos de Allan Kardec que foram publicados após a sua morte, ele tece uma consideração que resume a finalidade da grande mensagem do Espiritismo para a humanidade: a educação. Claramente o codificador afirma que o objetivo do Espiritismo é a educação, não a formal, de simples transmissão de conhecimentos, mas aquela que forma o caráter, desenvolvendo os valores mais elevados da criatura.

Para definirmos o que é a Educação Espírita, precisamos compreender o que ela não é:

  • Ela não é catecismo espírita;
  • Ela não é Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE);
  • Ela não é Evangelização Infantil;
  • Ela não é qualquer tipo de proselitismo religioso;

Antes de aprofundarmos as nossas considerações sobre  a Educação Espírita, vamos voltar até as suas origens.

Hippolyte Léon Denizard Rivail, educador, escritor e tradutor francês, foi discípulo de Pestalozzi e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha.

Pestalozzi, seu mestre, priorizava mais o desenvolvimento das habilidades e dos valores e menos o conteúdo. Introduziu a ideia do “aprender fazendo”, amplamente incorporada pela maioria das escolas pedagógicas atuais.

O objetivo final do aprendizado, segundo Pestalozzi, deveria ser uma formação também tripla: intelectual, física e moral. Em suas escolas não havia notas ou provas, castigos ou recompensas. Numa época em que chicotear os alunos era comum, “A disciplina exterior, na escola de Pestalozzi, era substituída pelo cultivo da disciplina interior”.

Após concluir seus estudos, Rivail retorna para a França e sendo profundo conhecedor da língua alemã, traduziu para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de Francis Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas: francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. Ele introduziu o método pestalozziano de ensino na França.

Em 1834 passou a lecionar, publicando vinte e dois livros, vários deles premiados pelo governo francês. Como pedagogo, o jovem Rivail, dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público.

Dono de uma cultura ímpar lecionou, em sua residência, cursos totalmente gratuitos de: Química, Física, Anatomia, Astrologia, Fisiologia, Retórica e Francês.

Antes de se dedicar ao estudo dos fenômenos espíritas, Rivail devotou-se durante trinta anos à educação. Somente em 1855 começou a frequentar reuniões em que os fenômenos das mesas girantes se produziam. Seus estudos e pesquisas levaram-no à publicação em 1857, já com o pseudônimo de Allan Kardec, de “O Livro dos Espíritos”, lançando os postulados da filosofia Espírita.

Hippolyte Léon Denizard Rivail, agora Allan Kardec dá ao Espiritismo um caráter eminentemente educativo, mostrando que a existência humana é um projeto educacional para a eternidade. Kardec abre um novo rumo à educação do Ser.

Kardec não chegou a formular uma pedagogia espírita, propriamente dita. Essa formulação caberia aos espíritas brasileiros, mas isso é assunto para o nosso próximo encontro.

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Um Comentário

  1. André, é bom contar com a sua contribuição nos situando, historicamente, no desabrochar do interesse de Kardec por essa Pedagogia que inclue o despertar para o aprimoramento moral e espiritual, além do intelectual e do físico.

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