ESPIRITISMO: CONEXĀO COM DEUS E REFORMA ÍNTIMA
No Dia do Espírita, GEAE reflete sobre a importância da doutrina no desenvolvimento do ser humano
Da Redação
“Ser espírita é procurar fazer a diferença, sem se sentir diferente. É agir com lucidez e responsabilidade, tomando a iniciativa do melhor em benefício de todos. É dar testemunho de fé nas mais comezinhas atitudes cotidianas. É vivenciar as lições da Doutrina sem, contudo, ser moralista, qual se ser espírita se fizesse inacessível à mais frágil das criaturas. (…) É experimentar indefinível alegria por seguir a Jesus, e somente a Ele! É, sim, reconhecer-se limitado, porém não acomodado em suas próprias mazelas. É, mais do que não tropeçar e cair, não comprazer-se na queda. Enfim, ser espírita é ser uma pessoa comum, mas não vulgar”. Extraída do livro Ser Espírita, de Carlos Bacelli, as frases que abrem essa reportagem orientam uma reflexão sobre o que é ser espírita e como essa experiência impacta a vida das pessoas. Em 18 de abril, é celebrado no Brasil o Dia do Espírita. Para o Grupo Espírita Abrigo da Esperança (GEAE), mais que mera efeméride num calendário frio, a data serve de estímulo para o cultivo da fé raciocinada e da clareza de propósitos para todos aqueles que abraçam a doutrina.
O Boletim Informativo conversou com trabalhadores da Casa para conhecer o sentido dessa escolha e seus reflexos. “Ser espírita é entender a responsabilidade de carregar a bandeira do Cristo sobre seus ombros e deixar de ser estagnado e acomodado, oferecendo-se como instrumento de Jesus para levar a sua palavra e o seu amor. É fazer mais do que o necessário para encontrar o caminho que levará a verdadeira felicidade”, afirma Joāo Vieira, voluntário da equipe da cozinha. “Ser espírita é todo aquele que luta para se tornar a cada dia melhor, vencendo preconceitos, orgulho, vaidade e tantos outros empecilhos que nos dificultam na caminhada rumo à evolução moral, princípio da doutrina de Kardec”, atesta Eliana Paiva, trabalhadora do atendimento físico-espiritual. “Ser espírita é caminhar a cada dia para a sua melhora. Kardec afirmava que o espírita é reconhecido pelo esforço que faz pela sua transformação moral, trabalho esse também para vencer suas tendências para o mal”, avalia Edmir Freitas, vice-presidente do GEAE.
Enxergado mais como um código moral do que uma religião, o Espiritismo é abraçado por quase 4 milhões de brasileiros, segundo dados oficiais do IBGE, colocando-se entre as três principais expressões vinculadas ao cristianismo. Sua maior contribuição, dizem seus adeptos, é estimular e orientar o desenvolvimento humano, por meio da fé raciocinada e da busca cotidiana pela reforma íntima. “Sua contribuição é o Cristianismo com mais lucidez e vivência. A tarefa mais importante dos que abraçam a doutrina deveria ser melhorar a si mesmo”, diz Elisângela Leite Pereira. “Pra mim, a contribuiçāo é nos ensinar a priorizar o amor e a caridade em nossos atos diários, nos atribuindo a grande tarefa de acolher e apoiar todos os irmãos nesta seara”, afirma Aguinaldo Drudi, voluntário da Evangelização, destacando a importância de despertar para a prática da caridade.
ORAR E VIGIAR – “O Espiritismo não prega a modificação radical na sociedade. Procura sim, modificar os indivíduos através das leis do amor, respeito, humildade, caridade e fraternidade. Pode, assim, ser um fator no progresso da humanidade, quando aprendemos a colocar em prática toda a reforma moral que nos transmite. A sua influência é silenciosa, ela penetra no íntimo de cada um”, acrescenta Joāo Vieira. Para esses trabalhadores, o Espiritismo é uma doutrina reveladora, marcada não apenas pelo estímulo ao crescimento pessoal, mas principalmente pelo convite ao trabalho, ao desejo sincero de servir ao próximo e, assim, também melhorar a si mesmo.
“A doutrina me veio através do Livro dos Espíritos, presente recebido de uma amiga. Muito resistente, aos poucos fui acrescentando os seus ensinamentos ao meu cotidiano. Posso dizer, sem dúvida, que ajudou-me na educação de meus filhos, e ainda faz parte das minhas tentativas de reforma íntima. Vejo o espiritismo a luz transformadora que despertou minha consciência adormecida”, completa Eliana.
Para esses trabalhadores, o maior desafio do espírita é a conquista de valores morais que mantenham o indivíduo no caminho do bem. “O principal desafio é nos mantermos em estado de graça no dia a dia, pois temos muitos hábitos e eles nos colocam em teste a todo instante. Precisamos orar e vigiar sempre, para nos mantermos neste estado e assim conseguir alcançar a tão sonhava elevação em cada vida”, avalia Aguinaldo Drudi. “Para mim, o desafio é o de nos encararmos e a oportunidade de nos superarmos”, frisa Elisângela.
João Vieira endossa a percepção dos colegas. “Diante dos inevitáveis desafios, manter o equilíbrio não é uma tarefa fácil, porém podemos buscar inspiração nos sábios conselhos de Jesus “orai e vigiai”, pedindo orientação e ajuda para enfrentar as dificuldades”, comenta. “O maior desafio é a reforma íntima e conscientizar os espíritas desta necessidade”, diz Eliana.
“O desafio é a conquista dos valores morais que nos afastam do bem, em um mundo tão tumultuado pelo materialismo. Não há desafio maior que esse: viver e conviver ativamente na fraternidade, neste mundo em que a maioria humana ainda ignora a importância de se amar incondicionalmente as criaturas”, endossa Edmir. “Aprendendo esses valores ricamente ensinados pelo Espiritismo, a humanidade encontrará a tão sonhada felicidade, modulando o mundo para o que se chama de planeta regeneração”, acrescenta, destacando que ao combater o próprio egoísmo evoluímos.