MICROCEFALIA: AS GRANDES EPIDEMIAS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
Doença desafia a medicina e pode ser vista como oportunidade de crescimento espiritual
Há um ano o Brasil entrou no radar internacional pelas mãos da epidemia de zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, conhecido dos brasileiros por causa da dengue. O zika trouxe consigo uma novidade devastadora e desconhecida, que ainda desafia a medicina em busca de explicações, controle e erradicação: a microcefalia, doença caracterizada por distúrbios neurológicos e lesões cerebrais que podem comprometer a vida do feto e impor desafios incalculáveis às crianças que sobrevivem. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em março confirmaram 745 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso sugestivas de infecção congênita, distribuídos por 18 estados do país. A Pasta informou que 88 deles tiveram confirmada sua relação com a propagação do zika vírus e enfatiza que a doença pode ser causada por outras infecções, como sífilis, rubéola e citomegalovírus. O Ministério informou, ainda, que outros 4.231 suspeitos estão sendo investigados – desde outubro de 2015 foram notificadas 6.158 suspeitas de microcefalia no Brasil, das quais 1.182 foram descartadas. Desde a eclosão da epidemia, 157 óbitos foram registrados no Brasil. A medicina ainda busca respostas, mas a doutrina espírita nos oferece um outro ponto de vista para esses eventos. “Na visão da doutrina, este caso enquadra-se nas chamadas provações coletivas, é um resgate coletivo”, diz André Campos, diretor do Departamento de Projetos Sociais (DPS) do Grupo Espírita Abrigo da Esperança (GEAE).
“Vemos essa epidemia de microcefalia, que se associa a uma infecção prévia materna, como uma forma de cumprirem-se as Leis Divinas, possibilitando a essas famílias aprenderem a cuidar e amar o espírito que chega com o corpo físico debilitado e necessitado de cuidados especiais e amor, permitindo ao espírito a reparação junto às leis e à própria consciência”, afirma. As obras da codificação espírita trazem respostas importantes, que favorecem uma compreensão mais ampla do surgimento de epidemias como a do zika vírus. No livro dos Espíritos, Allan Kardec aproveita a questão 196 para perguntar aos amigos espirituais se a vida material pode servir como depurador do espírito, favorecendo a sua reforma íntima. E ouviu como resposta que “sim, é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendem.”
André lembra outras obras esclarecedoras, como O Céu e o Inferno, também de Kardec; e complementares da doutrina como O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier em que Emmanuel, na pergunta 250, nos diz que “Na provação coletiva, verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais “doloroso acaso” às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico, ou as mais variadas mutilações, no quadro de seus compromissos individuais.“.
“A Doutrina Espírita é consoladora, exatamente por se pautar na vida futura, isto é, tudo o que nos acontece faz parte de um planejamento cujo objetivo é a expiação e reparação dos nossos débitos”, acrescenta Rodolfo Castro, conselheiro consultivo do GEAE. “As crianças afetadas com a microcefalia, apesar das dificuldades, terão oportunidade de desenvolvimento. Já, os pais são convidados a desenvolver o amor, a paciência e o auxílio incondicional. Terminada a prova, os espíritos em questão estarão mais conscientes de suas capacidades e poderão alçar novos vôos espirituais”. Estudos publicados por veículos especializados de credibilidade internacional, indicam que o zika vírus ataca células dos neurônios humanos e reduz em até 40% o seu desenvolvimento, gerando lesões cerebrais incuráveis. Conhecido da comunidade científica e médica há 50 anos, apenas em 2015 o zika passou a ser associado à incidência da microcefalia.
Crianças acometidas pela doença têm seu desenvolvimento gravemente comprometido e sofrem efeitos colaterais permanentes e de difícil controle, como convulsões, dificuldade ou incapacidade de locomoção, dificuldade para deglutição e outros. “A doutrina espírita, ofertando esclarecimentos e orientações sobre a natureza do ser e sua íntima relação com a matéria, esclarece que as provas físicas e morais são consequências dos nossos atos passados e que são oportunidades de reajuste consciencial”, diz André Campos. Rodolfo acrescenta que essas mesmas limitações podem ser recursos usados pela espiritualidade para impedir que o espírito deslize novamente, criando novos compromissos espirituais. “Nos dois casos estão impressos os efeitos da lei de causa e efeito. Na maioria das vezes, o espírito endividado (todos nós) participa da escolha das provas e aceita sua condição, exatamente, por entender os benefícios que a prova lhe trará na vida futura”, afirma. Para ele, na medida em que os serem encarnados estiverem comprometidos com a melhora espiritual não serão necessárias dores e doenças. “Ambas, fazem parte do nosso processo evolutivo, mas deixarão de existir na medida de nossa purificação”, conclui.